segunda-feira, 21 de junho de 2010

Tardes quentes numa metalurgica

final de janeiro, o emprego era o primeiro,
eu nao tinha escolha, precisava de dinheiro,
no inicio era perfeito, um trampo sem defeitos,
eu nao tinha experiencia, meu pai foi o meu parceiro,
era só o começo, do meu pesadelo,
pra trampa em outra cidade tem que acordar bem mais cedo,
jah chegou a hora, acabou meu sossego,
eu vo sair fora, vo arrumar outro emprego,
acho que morri e jah cheguei no inferno,
o calor eh mto intenso, ainda nao eh inverno,
me sinto sozinho como em um deserto,
mas eh soh minha impressão, porque tem gente por perto,
isso nao ta certo, nao tem que ser assim,
deus deve ter escrito um bom futuro pra mim,
futuro? melhor? eu disse que sim,
a minha vida ta virada em uma guerra sem fim.

refrao 2x: se a vida eh unica, em via publica,
eu me ajoelho e faço a minha suplica,
eu faço musica, com a mente lucida,
nas tardes quentes numa metalurgica.

todo dia de manha, sete e meia eu começo,
trabalho pela grana, mas rimo pelo sucesso,
talvez seja confuso esse tipo de versos,
quem eh rico nao entende, mas respeito eh o que eu peço,
destruiçao humana, escravidao leviana,
o patrao era bacana, mas virou um sacana,
nunca sairei da lama, nunca vou ter fama,
minha familia me ama, e eh isso que importa,
e o que me mantem vivo nesse mundo bosta,
façam suas apostas, eu terei futuro?
soh se for na rua com drogados e pixadores de muro,
ja vo fazer 18, o exercito chama,
vou procurar emprego e todo mundo reclama,
que culpa tenho eu de querer ganhar a vida?
o problema eh conseguir isso da forma mais sofrida,
lagrimas, eu solto as vezes,
mas espero que isso acabe dentro de poucos meses.

refrao 2x

eh, isso ai, essa eh minha vida,
pobre trabalhador numa empresa demoniaca,
um ano de pavor, num emprego destruidor,
o cansaço eh mto forte, o estresse eh matador,
um inferno de inox, onde faz mto calor,
eu me sinto como um escravo, começando a ficar bravo,
trabalhando pesado e ganhando poucos centavos,
nao vai ficar assim, nao, vo fazer revoluçao,
vo falar do meu patrao usando mto palavrao,
que me xinga inconsciente, chama de imcompetente,
mas precisa da minha força quando eu nao to presente,
os ponteiros se encontraram, meio dia eh a hora,
falta uma tarde inteira pra poder ir embora,
no almoço eu durmo o que nao durmo de noite,
fico acordado pensando, apenas no homem da foice,
a morte eh uma opçao, nao foi descartada nao,
em ultimos casos, essa e minha soluçao,
mas penso na familia, pai, mae, tios e tias,
chorando confusos, pelo fim dos meus dias,
por isso eu tento o meu futuro na musica,
pra acabr com os dias de peao na metalurgica,
meu defeito eh ser branco, mas porque o espanto?
todos vaiam e xingam quando eu pego o microfone e canto...

refrao 2x

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